quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sobre taninos


Ouvimos falar muito sobre os taninos no mundo do vinho. Taninos redondos, elegantes, etc. Afinal, o que são? São os taninos que causam aquela sensação de secura e até de amargor em sua boca quando bebe um vinho tinto. Formam um grupo de componentes químicos que podem ser achados em frutas, no chá e em cascas de árvores. Chegam aos vinhos via galhos, cascas e sementes de uvas – e, ainda, através da madeira dos barris. Desde o cultivo da vinha e até o processo de produção do vinho são sempre um fator de preocupação: dependendo de como são tratados, afetarão profundamente o estilo do vinho que chegará à sua mesa.
Eles têm a capacidade de ligar-se a vários outros materiais químicos, em particular com as proteínas. Se aplicados a peles de animais, os taninos unem-se às proteínas transformando uma pele macia, mole, num material duro o bastante para fabricar sapatos, solas, cintos e selas. Os taninos formam, também, uma classe de compostos químicos existentes no vinho, os fenóis – que, por sua vez, dividem-se em duas categorias: os flavonoides e os não-flavonóides. Os nossos taninos estão no primeiro grupo.
Na vinha, os taninos agem como uma defesa. O seu papel é o de defender as plantas: quando jovens, as uvas ainda verdes, com sabor extremamente ácido e amargo, pois as sementes do fruto são o meio de sua reprodução, mas a planta só permite que o fruto seja consumido quando suas sementes ficam maduras. Quando um pássaro ou inseto tenta mastigar uma uva, taninos são liberados tornando a fruta horrível, amarga, indigesta.
Na medida em que as uvas amadurecem, a cor da casca se altera, tornando-a mais sedutora. Ao mesmo tempo, ficam menos ácidas e mais doces. E os taninos menos amargos. (Na verdade, os taninos não têm sabor: você os percebe pela maior ou menos sensação de secura e adstringência na boca.
Nessa progressão, os taninos vão de verdes, muito jovens e amargos, quase que “mastigáveis”, a mais macios, sedosos, aveludados. Ou seja: ficam maduros, mais elegantes. São fundamentais para a qualidade dos vinhos tintos. Além de sua participação nos componentes de cor, aroma e sabor e na preservação, contribuem para a sensação do vinho na boca, sua percepção no palato, sua textura (sedosa, aveludada, redonda, macia, elegante?).
Logo, nossos taninos são fundamentais - como suportes da estrutura de um edifício. Se um vinho tinto tem carradas de fruto e de álcool, mas pouca acidez e taninos, não está bem estruturado.

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